Cavalera encerra SPFW N48 em um desfile de protestos e representatividade

Cavalera encerra SPFW N48 em um desfile de protestos e representatividade

Por Matheus Castro

A Cavalera, marca de Alberto Hiar “Turco Loco”, apresentou, no dia 16/10, sua coleção no São Paulo Fashion Week N48 intitulada “Skate, Punk, Jamaica no País do Futebol”. Os diretores criativos e stylists, Emerson Timba e Leo Bronks, assinaram o show e levaram para a passarela a essência urbana da marca através do utilitarismo com coletes de bolsos e shorts destacáveis. O streetwear ganhou uma viagem até a Jamaica com estampas coloridas inspiradas na cultura local, movimento Punk e skate.

Desfile Cavalera (Fotos: Zé Takahashi

Desfile Cavalera (Fotos: Zé Takahashi) 

Desfile Cavalera (Fotos: Zé Takahashi)

Desfile Cavalera (Fotos: Zé Takahashi)

Desfile Cavalera (Fotos: Zé Takahashi)

  

Antes da entrada dos modelos, o show teve início com o músico Seu Jorge narrando as estatísticas de morte da população negra por arma de fogo. Em seguida, um grupo de dançarinos jovens, ligados à cultura sound system, adentraram à passarela, se apresentaram brevemente e sentaram-se em frente à primeira fila, mostrando de quem realmente era o desfile: jovens negros e periféricos. Emerson Timba, um dos diretores criativos, exigiu respeito ao povo negro.


“Hoje mostramos que não somos a carne mais barata do mercado. Respeitem a gente”, disse Timba.

 


Os diretores criativos Emerson Timba à esquerda e Leo Bronks à direita
(Foto: Sérgio Caddah)

O casting da coleção foi marcado pela inclusão: composto por modelos majoritariamente negros, de gêneros, corpos e orientações diversificados. No entanto, quem roubou os holofotes e se tornou o protagonista do desfile foi o modelo Sam Porto, que encerrou a apresentação ao tirar a camisa e exibir a mensagem “Respeito Trans” escrita no corpo.

Nascido em Brasília e hoje com 25 anos, Sam é estreante no SPFW. Mas os títulos que mais lhe pesaram foram o de recordista de desfiles e o primeiro modelo trans a riscar as passarelas do maior evento de moda do Brasil. Ele, que começou a carreira há apenas dois anos, marcou presença em nove desfiles: Cavalera, Ellus, Apartamento 03, João Pimenta, Modem, Another Place, Korshi e Handred. Segundo ele, apenas participar do evento já era uma conquista e tanto.

"É surreal, estou extremamente feliz e ainda não consigo acreditar! É algo que vai me marcar pra sempre, ser recordista quando eu pensei que não fosse conseguir nem estar participando, é um sentimento inexplicável. Não só por isso, mas sim por ter conseguido levantar a bandeira trans dentro do evento, sinto que cumpri o meu propósito!”, contou Sam.

Sam Porto no desfile da Cavalera (Foto: Getty Images) 

 Ao falarmos desse universo como forma de protesto, podemos citar nomes influentes como Dior, Vivienne Westwood, Prada, Rick Owens, Stella McCartney e agora, Cavalera. O tempo em que a moda era vista apenas como peças de roupas passou. Hoje em dia, ela vai muito mais além. Moda, agora, é manifestação, é dar voz a pautas atuais e expressá-las em vestimentas. É nada mais nada menos do que o reflexo do mundo em que vivemos e uma aliada constante em tempos sombrios. 

Confira abaixo o desfile que encerrou o São Paulo Fashion Week: