Adidas tolerava comportamentos polêmicos de Kanye West há dez anos

Adidas tolerava comportamentos polêmicos de Kanye West há dez anos

Segundo publicações recentes, o rompimento entre Adidas e Kanye West aconteceu há um ano, mas a relação entre as partes era conturbada desde o início da parceria, em 2013.

O New York Times publicou que a gigante alemã se reuniu com o rapper há dez anos para mostrar alguns tecidos. Porém, ele não gostou e desenhou uma suástica em um dos modelos.

A empresa tolerou, durante quase dez anos, a má conduta de Kanye por conta dos lucros bilionários que as vendas das peças Yeezy rendiam. As vendas, porém, ultrapassavam a marca de U$ 1 bilhão (aprox. R$ 6 bilhões) por ano, elevando os resultados financeiros da marca.

(Foto: Getty Images)

Durante a parceria, além dos comentários antissemitas, o artista fez comentários sexualmente ofensivos, xingou funcionários, demonstrou em reuniões sua obsessão por Hitler (1889-1945), e até levou filmes pornográficos para executivos da empresa assistirem.

Kanye já exercia uma obsessão por judeus e Hitler desde 2013, pelo menos. Segundo o jornal, o cantor cometeu atos abusivos, como submeter funcionários a humilhações públicas, mandar um gerente judeu beijar a foto do ditador Hitler todos os dias e até desenhar suásticas (símbolo nazista) em papéis quando se encontrou com executivos da Adidas na Alemanha.

Ele também admitiu que tem vício em pornografia e que isso chegou a prejudicar seu relacionamento com Kim Kardashian. O The New York Times teve acesso a relatos de funcionários da Adidas que disseram ter sido obrigados a assistir conteúdos pornográficos durante reuniões - o que acontecia com certa frequência.

Membros da equipe também reclamaram que ele havia feito comentários raivosos e sexualmente ofensivos. As mudanças de humor do cantor (que já cancelou shows de última hora ao longo de sua carreira, fez mudanças drásticas na operão da Yeezy e até atirou sapatos em executivos) também afetaram seu relacionamento com a Adidas ao longo dos anos.

(Foto: Getty Images)

A Adidas sabia da fama problemática de Kanye Wes e colocou no contrato que a parceria poderia ser rompida a qualquer momento se declarações ou ações do cantor afetassem a reputação da empresa. Porém, mesmo diante de tantas reclamações e comportamentos preocupantes, os lucros foram priorizados.

Até que os holofotes de fato se voltaram para West, e um cancelamento efetivo do cantor nas redes sociais começou. A Adidas, ainda assim, relevou os posicionamentos e falas que já eram constantemente proferidas por ele.

Ao longo dos anos, gerentes e executivos da alta cúpula iniciaram uma um grupo de mensagens de texto chamado "linha direta Yzy", para tratar assuntos envolvendo Kanye. A equipe da Adidas que trabalhou na linha Yeezy adotou uma estratégia comparada a combate a incêndio, alternando membros dentro e fora da linha de frente para lidar com o artista.

A Adidas foi se tornando cada vez mais dependente dos itens Yeezy, e até os incentivos para a parceria foram crescendo conforme os lucros foram aumentando.

(Foto: Getty Images)

Enquanto Kanye recebeu, em 2016, U$ 15 milhões (R$ 74 milhões) adiantados para suas criações, em 2019 a Adidas forneceu U$ 100 milhões (R$ 496 milhões) - fora a porcentagem de lucro com as vendas.

Com o rompimento do contrato e a interrupção das vendas da submarca assinada por Kanye, a empresa projetou seu primeiro prejuízo anual em décadas.

Ainda assim, a Adidas começou a liberar a venda dos U$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 bilhões) de Yeezys restantes e vai se ancorar em parte dessa receita. Outra parte será doada para instituições de caridade, e Kanye West tem seu direito de receber royalties.

Em comunicado, a Adidas disse que "não tolera discurso de ódio e comportamento ofensivo, razão pela qual a empresa encerrou a parceria com a Yeezy". Já Kanye recusou dar entrevista e explicar o caso ao jornal.