Por Larissa Rocha
Prestes a completar seus 50 anos, Marcelo D2 sai da rotina de produção musical e se junta a amigos para lançar seu sétimo álbum solo, Amar é para os fortes, que é tanto um álbum com participações de Rincon Sapiência, Seu Jorge, Marisa Monte, Gilberto Gil, Nação Zumbi, Danilo e Alice Caymmi, quanto um filme que ele mesmo roteirizou e dirigiu apresentando a ilustração de cada faixa selecionada da obra.
(Foto via Marcelo D2 (facebook))
O projeto de criar um álbum visual veio à mente de D2 em 2015 após acompanhar essa mesma criação por artistas que admira como Frank Ocean, Daft Punk e Beyoncé, mas com a inovação de ser uma ficção de início, meio e fim em que os sons conduzem a trama. O start para iniciar o projeto foi induzido a D2 após ler a biografia do Andy Warhol, criador da The Factory (estúdio que Andy começou a produzir suas filmagens), que de fato, o motivou a produzir mais, estudar sobre cinema e se reunir com amigos para iniciar o filme.
(Foto via Marcelo D2 (instagram))
O filme será ilustrado por 10 de 14 faixas que o álbum possui, narrado e cantado por D2 e pelos participantes, com sons calmos e pesados diferentes de todos os seus trabalhos anteriores, que contam a história de Sinistro, um rapaz que nasceu e vive numa das favelas não pacificadas do Rio de Janeiro, interpretado pelo filho de D2, Stephano Peixoto (Sain), e que, ao fugir da vida que levava, conheceu Chloe, uma artista plástica francesa interpretada por Beatriz, que irá mudar a sua vida ao apresentar uma forma de viver repleta de aventuras e artes desconhecida por ele. Sinistro começa a ter uma visão diferente da comunidade em que vive e se motiva a mudar sua realidade violenta com a arte após seu contato com Beatriz e com o Centro Cultural Banco do Brasil, onde sua mãe é faxineira, embora continue sendo atormentado por fantasmas de seu passado.
(SINISTRO, Foto via Amar é para os fortes (instagram))
(CHLOE, Foto via Marcelo D2 (facebook))
(CHLOE e SINISTRO, Foto via Amar é para os fortes (instagram))
A história fática inspirada nas artes plásticas, nos desafios e dificuldades do dia a dia de um moleque da periferia do Rio, de filmes como Kids e Nascido para matar, e do próprio hiphop, também veio da vida real, D2 revela que após ter uma conversa numa mesa de bar com um amigo, João Velho, filho de Cissa Guimarães e irmão de Rafael Mascarenhas, que morreu atropelado enquanto andava de skate em uma via pública do Rio, ocorreu a discussão do julgamento do culpado da morte de Rafael, e indignados, concluíram que "amar é para os fortes", daí surgiu o nome do disco e mais uma inspiração para produzir o filme.
As filmagens e a produção foram realizadas pelo coletivo Mulato, criado por D2 juntamente com amigos que trabalham com ele no filme, com um elenco composto por seu próprio filho, amigos próximos e a galera do Bloco 7 em cenários urbanos do Rio de Janeiro como nos arredores da Favela Tavares no Catete, na Lapa e em Laranjeiras. D2 revela que o filme foi inteiramente filmado por celular 4k, câmera digital AVX1000 e DSLR, para dar uma imagem bem manual, conceitual e com ampla experimentação da transição evolutiva desses dispositivos.
(Foto via Marcelo D2 (facebook))
O lançamento do filme e do álbum ainda não tem data definida, mas está previsto para o mês de agosto deste ano e tem tudo para ser em uma sala de cinema. D2 já soltou em março uma das músicas como prévia do álbum, "Resistência Cultural", mas que não pode ser considerada como o primeiro "capítulo" do filme, ele revela que seria o último, pois é uma festa, isto é, o encerraria, além disso, vem mantendo o seu público informado sobre o projeto a partir de um instagram criado para ilustrar cenas das filmagens.
(Foto via Amar é Para os Fortes (instagram))