Beyoncé lança álbum visual e atrai mais elogios do que polêmica - THE GAME

Beyoncé lança álbum visual e atrai mais elogios do que polêmica

Com o lançamento do álbum "Black Is King" na última sexta-feira (31), primeiro álbum visual desde "Lemonade" (2016), a cantora

Beyoncé se tornou o assunto mais comentado do mundo no Twitter logo nas primeiras horas do dia. O álbum é exclusivo da plataforma Disney TV+, ainda indisponível no Brasil.

Sobre o filme musical, Beyoncé, que escreveu, produziu, dirigiu e atuou, é clara sobre o conceito.

"Com este álbum visual, eu queria apresentar elementos da história negra e da tradição africana, com um toque moderno e uma mensagem universal, e o que realmente significa encontrar sua autoidentidade e construir um legado. Passei muito tempo explorando e absorvendo as lições das gerações passadas e a rica história de diferentes costumes africanos. Enquanto trabalhava nesse filme, houve momentos em que me senti sobrecarregada, como muitos outros da minha equipe criativa, mas era importante criar um filme que gerasse orgulho e conhecimento", escreveu em suas redes sociais.

Ela disse ainda que o novo filme é um trabalho de amor, produzido incansavelmente desde 2019, com o "objetivo de celebrar a amplitude e a beleza da ancestralidade negra", mas que agora ele ganha um novo significado. 

"Nunca poderia imaginar que, um ano depois, todo o trabalho árduo nessa produção serviria a um propósito maior. Os eventos de 2020 tornaram a visão e a mensagem do filme ainda mais relevantes, à medida que pessoas de todo o mundo embarcam em uma jornada histórica. Estamos todos em busca de segurança e luz. Muitos de nós querem mudanças. Acredito que, quando os negros contam nossas próprias histórias, podemos mudar o eixo do mundo e contar nossa história real de riqueza geracional e riqueza de alma, que não são contadas em nossos livros de história", salientou.

 

O lançamento foi recebido com elogios da crítica. Alguns jornais detalham que "Black is king fala da beleza e riqueza da cultura negra, sem parecer grotescamente rica ou artificial demais. O filme oferece variados estilos de produção: às vezes minimalistas, com Beyoncé cantando em vastos espaços abertos em Bigger, enquanto outras sequências são intensas e coloridas, com imagens vibrantes e dançarinos de alta energia, como em My power"

Outros avaliam que o álbum visual soa como "uma carta de amor para a diáspora negra, para lembrá-los de que eles também fazem parte de algo maior" e é convincente em todos os sentidos, destacando que a variedade étnica e geográfica da África é contemplada, ainda que haja uma conexão com o filme O Rei Leão, que se passa fundamentalmente no Leste do continente.

Já para a revista norte-americana Variety, "Black is king se destaca como uma celebração da negritude em suas muitas formas: mulheres negras, homens negros, crianças negras, maternidade negra, paternidade negra, passados negros, presentes negros e futuros negros". Porém, destaca que o filme é "persuasivo, mas não perfeito". 

Além de Beyoncé e seu qualificado time de bailarinos, o elenco do álbum tem convidados de peso, como Pharrell Williams, Naomi Campbell e Lupita Nyong’o,  além de artistas da África, como Yemi Alade e Shatta Wale. E claro, o rapper e marido da cantora, Jay-Z, além de Blue Ivy, filha do casal. 

Porém, o lançamento de Black is king não ficou isento de polêmicas. Na verdade, acentuou uma crítica que já se configurava desde a divulgação das primeiras imagens e trailers, há um mês. Na opinião de muitas pessoas nascidas na África, a representação do continente fortemente atrelada à selva é pejorativa. E o tema despertou vários debates nas redes sociais.

Embora a íntegra do filme não esteja disponível no Brasil, o clipe correspondente à faixa "Already", cantada com o ganês Shatta Wale e com o rapper norte-americano Major Lazer, foi divulgado mundialmente no YouTube. 

 

No vídeo, é possível ver o figurino repleto de reproduções de peles de animais, pinturas corporais, adereços e adornos tribais. Há ainda a mescla de cenas na natureza e em espaços urbanos. Os detalhes das coreografias, edições, movimentos e efeitos lembram a qualidade já vista em Lemonade, que tinha um outro contexto, mas também dialogava com a temática social. 

Outro aspecto bem contemporâneo de "Black Is King" é o fato de ter sido lançado no contexto da reconfiguração da indústria do audiovisual. Na disputa cada vez mais acirrada entre as plataformas de streaming, o novo filme de Beyoncé é um trunfo a mais para a Disney . A Amazon Prime Video tentou incluir "Black Is King" em seu catálogo, mas esbarrou no modelo contratual que garante exclusividade para a Disney.

Dessa forma, o público brasileiro só poderá conferir o resultado em Novembro, quando a plataforma deve iniciar sua operação no país. Algumas faixas e versões do álbum visual com legendas em português já circulam na internet.