A revenda pode resolver a crise de sustentabilidade na moda streetwear?

A revenda pode resolver a crise de sustentabilidade na moda streetwear?

A plataforma EDITED — que analisa automação de varejo corporativo e concorrentes em todo o mundo — investigou o atual cenário do setor da revenda. 

Eles chegaram a conclusão de que há cinco anos atrás, nomes como SupremeYeezyJordan Brand dominavam o mercado de revenda e causavam uma enxurrada de adolescentes "compradores" de itens recém-lançados que, instantaneamente, os repassavam em forma de lucro no mercado paralelo, por sua vez, reduzindo o consumo excessivo de peças.

No entanto, o consumidor "Geração Z" de hoje parece estar mais antenado sobre assuntos de revenda e programas de sustentabilidade, o que pressiona marcas a oferecerem iniciativas sustentáveis. 

(Foto: Financial Times)

Uma dessas iniciativas pode ser vista no programa Re-Sell da Balenciaga, iniciativas ready-to-wear de marcas como  Diesel Coach, além de plataformas como GOAT, TheRealReal, Vinted e Vestiare Collective que estão experimentando trabalhar com produtos de "segunda mão".

Conforme pesquisa divulgada pela BBC, espera-se que até 2030 o mundo descartará 134 milhões de toneladas de materiais têxteis por ano. A pesquisa da EDITED descobriu que, em média, 47.000 mil quilos são produzidos por semana em toda a área da moda. Em suma, os níveis de produção aumentaram 11% em relação a 2021 e 120% em relação a 2020.

(Foto: Medium)

Marcas como Telfar Hermès estão se mantendo nessa fatia, sendo a última obtendo até 5.308% de lucro no chamado mercado secundário. Como observa a EDITED, hoje “os produtos da Nike crescem entre 496% e 845% devido à procura pelos cobiçados SB Dunks e a New Balance cresce entre 71% e 140%, por meio da cobiça por um Aimé Leon Dore x 550 ”.

E é nesse percentual que os consumidores e revendedores percebem os valores dos produtos. Alguns compram seus tênis, os usam, os mantêm em boas condições e os vendem posteriormente. Nisso, se inicia uma "cadeia circular", mostrando que há demanda para revenda, pois 69% dos produtos disponíveis, em plataformas como Vestiaire Collective, têm menos de três meses, o que significa que as pessoas estão ativamente comprando e vendendo peças pós-lançamentos.

Ao mesmo tempo que o mercado de revenda cresce, o mesmo acontece com a produção de fast fashion. Pesaquisas sugerem que “os varejistas do fast fashion americano estão produzindo 120% mais descartes individuais semanalmente em relação a 2020, o que ocasiona a necessidade de investirem em qualidade, além de reciclagem e redirecionamento de produtos existentes em vez de aumentar o  ciclo de desperdício em torno de uma "moda descartável". 

(Foto: IPP)

E, à medida que o mercado de revenda continua crescendo, pode-se afirmar que as marcas estão percebendo como se tornarem líderes no mercado secundário, continuando produzindo produtos para serem eventualmente revendidos.

A economia no mercado de segunda mão está atualmente avaliada em U$ 218 bilhões (aprox. R$ 1.122,44 tri). É um carrossel constante de produtos sendo trocados de mãos em mãos. Mas para que ela se apodere da crise de sustentabilidade, parece que não podemos contar apenas com a revenda. 

Em vez disso, é preciso continuar elaborando melhorias para o conceito fast fashion e apostar em marcas que produzem pequenas quantidades de peças e geram booms no mundo do resell. Juntando isso ao interesse da Geração Z em comercializar roupas que sejam mais sustentáveis - ​​tanto para o meio ambiente quanto para a economia, a indústria da moda pode estar caminhando para resolver a crise de sustentabilidade na moda streetwear de forma positiva.

(Foto: Vogue Business)

Se aproveitar a mentalidade da Geração Z, a moda circular pode ter uma chance. Mas muito trabalho deve ser feito já que – “a circularidade é um pilar fundamental da moda sustentável, mas contra níveis contínuos de superprodução, a revenda por si só não será a base principal. Para ter mais chance de manter os produtos fora dos aterros sanitários, as marcas de todos os setores do mercado têm a responsabilidade de reduzir o número de produtos fabricados e melhorar a qualidade na de garantir que possam ser realmente revendidos e durar gerações ”, finaliza a EDITED .

Digamos que, mais uma vez, a auto-expressão comanda o mercado.