Se você tem aproximadamente 30 anos ou pelo menos convive com millenials ou alguém da geração Z, provavelmente já ouviu falar da Shein — nome derivado de SHE INside e criada por Chris Xu em 2008.
Nos últimos anos, a varejista de moda chinesa surfou a pandemia, viralizou na internet e caiu no gosto dos jovens com preços baixíssimos, entrega rápida e tendências de moda que surgem nas redes em um dia e já podem ser encontradas no site um ou dois dias depois.
Basta digitar #shein no Tik Tok — outra gigante chinesa e muito responsável pela viralização da Shein — ou no Instagram para conferir os milhares de posts de pessoas usando roupas da marca, desafios em vídeos e os famosos vídeos de “unboxing”, onde um usuário posta itens comprados pela internet e compartilha impressões com os seguidores.
Há também as batalhas: comparações entre produtos da Shein e similares de grifes famosas ou marcas populares, onde garotas mostram um blazer chinês comprado por R$ 70 e sua inspiração original que pode custar R$ 400 na Zara, por exemplo.
(Foto: Getty Images)
Não é difícil encontrar quem montou um look completo com saia, blusa, sapato, bolsa e acessórios desembolsando cerca de R$ 200 no site da Shein — impressionante se considerados os dados de inflação no Brasil.
Ou garotas que tiram diversas fotos usando as roupas compradas na Shein e postam nos comentários dos anúncios das peças em busca de likes que viram cupons de desconto para novas compras.
Se até aqui isso tudo parece só uma coisa de febre adolescente capaz de viralizar um blush de R$ 27 nas redes sociais comprado com o atrativo de muitos cupons e frete barato, saiba que a coisa é bastante séria — hoje, a Shein é avaliada em mais de U$ 100 bilhões e possui investidores como General Atlantic, Tiger Global Management e Sequoia Capital China.
De acordo com um ranking elaborado pela CB Insights, entre as startups, a Shein fica atrás somente da Byte Dance, dona do Tik Tok e avaliada em U$ 140 bilhões; e da Space X, do bilionário Elon Musk, com um valor estimado em U$ 127 bilhões.
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Isso significa que ela vale mais do que suas concorrentes que até pouco tempo dominavam o mercado de fast fashion, como a espanhola Inditex, que é dona de marcas famosas como Zara e Pull and Bear.
São poucos os números disponíveis sobre as operações da companhia, mas os dados disponíveis impressionam. Hoje a Shein fatura R$ 2 bilhões apenas no Brasil, de acordo com um relatório do BTG Pactual. É algo muito próximo do faturamento da Hering no país antes da aquisição pelo Grupo Soma (SOMA3), empresa que levou anos para chegar a esse patamar por aqui.
Em uma pesquisa rápida, é possível descobrir que o aplicativo da Shein está sempre entre os mais baixados da Apple Store, a loja de aplicativos da Apple, seja na categoria geral ou de varejistas. Na Play Store, dos celulares com sistema Android (Google), a chinesa conta com mais de 100 milhões de downloads.
De acordo com um estudo elaborado pela Conversion, agência especializada em SEO, a Shein ocupa o décimo lugar entre os maiores e-commerces do Brasil, considerando os dados de visitas mensais no site e no aplicativo. Até maio, eram mais de 30 milhões de pessoas acessando o site ou aplicativo da varejista chinesa.
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Cálculos do UBS-BB informam que 55% dos downloads de aplicativos de lojas de vestuário no Brasil foram do app da Shein no mês de junho, um recorde para a loja. A segunda colocada, a Renner, tem uma fatia de 10%.
Diante desses números, é natural que exista algum incômodo por parte das varejistas de moda mundo afora, de olho na queridinha da Gen Z. Em relatório recente, o Itaú BBA avaliou a varejista chinesa e aponta que o que há de mais disruptivo em seu modelo de negócios é o uso de inteligência artificial.
Além de apostar cada vez mais na variedade de itens — que além das roupas passam por acessórios, itens para a casa e para animais de estimação — a Shein dá seus primeiros passos rumo a uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.
No Brasil, a expectativa é aproveitar a popularidade para montar uma operação própria no país e bater de frente com as lojas mais consolidadas por aqui, avaliando como produzir peças ainda mais baratas em território nacional.