Um tênis exclusivo é aquele que possui características únicas, seja por uma collab emblemática, por uma edição limitadíssima, algo customizado, ou por pertencer a uma coleção especial.
Geralmente esses se destacam por seu design diferenciado, materiais de alta qualidade ou por estarem ligados entre marcas e artistas/designers. Além disso, podem ser itens de colecionador, com valores de mercado elevados e grande procura por entusiastas.
Em uma era existente entre 2010 e 2023, o mercado de revenda de tênis exclusivos passou a ser uma unanimidade no ecossistema dos sneakers. Algo já antes praticado passou a ser "aceitado" como uma forma de investimento e um meio de "rentabilidade instantânea".
Plataformas virtuais foram criadas para suprir, por ora, toda uma nova demanda de negócio que, por ventura, passara a ser o indício do que se consolidaria como um mercado de "exclusividades valiosas".
(Fila da procura por Yeezy Boost 350 V2 Zebra, em 2017 - Foto: zasellers)
Entre lançamentos da época, modelos da linha Yeezy, silhuetas Dunk e Air Jordan eram como ativos especulativos, com linhas de validação tentadoras e valores de negócio flutuantes, que podiam mais do que duplicar em minutos.
Após um boom de uma década, o mercado de revenda foi perdendo significado e a exclusividade de se ter algo também. A Nike aumentou a produção de alguns de seus tênis mais procurados, enquanto a Adidas encerrou a parceria Yeezy em 2022, cortando algo que parecia ser um "tendão de Aquiles".
Plataformas como StockX, Stadium Goods e GOAT mantiveram uma posição de diversificar novas categorias e trabalhar por meio de consolidação. As gigantes do tênis não adotavam mais o modelo de escassez nas produções - no qual lançavam tênis de edição limitada em pequenas quantidades para impulsionar o hype em torno de suas marcas.
Será que a tecnologia, as plataformas de drops online - feitas pelas grandes marcas e os apps, como SNKRS e CONFIRMED, acabaram com tudo?
(Foto: Abdi Mohamed)
A "gloriosa morte" pode ter atingido seu pico no final de 2022. Uma sequência incessante de colaborações desnecessárias, lançamentos sem relevância, pouca novidade, falta de imaginação e variações, além de preços exorbitantes - não podemos esquecer deles, criaram uma fadiga até mesmo entre os colecionadores mais ávidos.
Então, de repente, as gigantes dos tênis aumentaram a produção. Nos últimos dois anos, a Nike lançou Jordan 1 e Dunk como nunca antes, e a New Balance seguiu o exemplo com sua silhueta 550. A Adidas inundou o mercado com milhões de Sambas e Gazelles — uma iniciativa que ajudou a marca a lucrar com uma crescente demanda.
O efeito cumulativo no mercado de revenda dos exclusivos foi devastador, o impacto do declínio é extremamente perceptível e, agora, novas áreas de crescimento emergem em toda categoria.
Não existem mais filas na frente das lojas, os estoques ficam parados até o próximo sale, as entregas de senhas e as chamadas "mecânicas de vendas" não são mais do vocabulário e tudo parece ter perdido a energia que definiu o hype.
(Foto: Sarah Matray)
Antes o consumidor buscava mais exclusividade, raridade e o "status" da diferenciação. Hoje o apelo é por modelos acessíveis, confortáveis, atemporais e com conceito de performance. Tudo isso, alinhado a um novo comportamento, pensamentos e necessidades estratégicas, balanceando desejo, estilo de vida e preço justo.
Dizem por aí que esse terreno - pela exclusividade, não foi terraplanado, mas ficou mais seletivo e agora é uma exceção, não a regra. O desejo ainda existe, mas não é automático e representar um grupo é muito mais necessário do que apenas "dizer" que o exclusivo vale mais.