A história por trás dos polêmicos “Satan Shoes” de Lil Nas X

A história por trás dos polêmicos “Satan Shoes” de Lil Nas X

Lil Nas X, rapper americano, teve todos os holofotes possíveis virados para ele nos últimos dias. Além de lançar o "então polêmico" clipe da música "MONTERO (Call Me By Your Name)", que enfureceu conservadores por suas referências satânicas e teorias da conspiração, o cantor em forma de colaboração ainda lançou um tênis exclusivo bem impactante.

Uma customização em collab com a MSCHF, abreviação para Miscellaneous Mischief, criou a série "Satan Shoes" que ofertara 666 pares customizados e numerados (um a um) da silhueta Air Max 97, contendo elementos como um pentagrama, uma cruz invertida, menção a "Lucas 10:18" e até sangue humano dentre o sistema Air Max.

Segundo os criadores, o tênis que até no valor U$ 1.018 (Aprox. R$ 5,8 mil) leva menção ao versículo de Lucas, se esgotaram em menos de um minuto.

(Fotos: MSCFH / Reprodução)

Lembrando que a mesma MSCHF, em 2019, lançou uma versão customizada do Air Max 97 antagonista chamada "Inri Shoes", com motivos e alusões voltadas a Jesus Cristo, e que carregava segundo eles, água do rio Jordão na midsole.

A ampla divulgação da atual e "polêmica" interação nos principais canais de sneakers do mundo inteiro, fez com que muitos crucificassem a Nike, que logo se manifestou (a marca não se manifestou em nenhum momento sobre a interação "Inri Shoes"), reiterando que não havia relação com o lançamento e que não "compactua" com o mesmo. Anunciando posteriormente que tomaria medidas legais contra os envolvidos. 

Você deve estar se perguntando o porquê disso tudo. E tudo está envolvido com a maneira mais criativa que Lil Nas encontrou para interpretar todo o julgamento que teve ao longo de sua vida por ser gay. E por meio dessa "narrativa" ele destila suas críticas a toda, segundo ele, uma moral religiosa e em pessoas que tratam a homossexualidade como "coisa do diabo"; e o tênis seria um complemento físico de todo esse "marketing de guerrilha" .

Lembrando que o artista em nenhum momento cita ser satanista.

 

Lil Nas X disse que "MONTERO (Call Me By Your Name)" é sim sobre sua sexualidade e esperava que "abrisse portas para que muitas outras pessoas queer simplesmente existissem". "Tomei a decisão de criar o videoclipe", respondeu a um crítico no Twitter. "Eu sou um adulto. Não vou passar a minha carreira inteira tentando cuidar dos seus filhos. Esse é o seu trabalho", finalizou.

Em outro post, ele acrescentou: "Passei toda a minha adolescência me odiando por causa do que vocês pregaram que aconteceria comigo porque eu era gay. Então espero que você esteja bravo, continue bravo, sinta o mesma raiva que você nos ensina a ter em relação a nós mesmos".

No entanto, isso não parece impedir a Nike, que, após bastante pressão de conservadores, comunicou que deve entrar com ações judiciais contra os criadores. Se há precedentes para processos, também é questionável: segundo o site The Fashion Law, uma justificativa de uso justo e de "sátira" pode os livrar do caso; ainda, a Nike precisaria confirmar que a produção do "Satan Shoe" seria prejudicial à imagem da marca para encorpar o processo. 

 

(Detalhes do processo da Nike contra o coletivo MSCHF - Foto: Kevin Draper)

Até os dias de hoje, a MSCHF se esquivou de complicações na justiça relacionadas a outros projetos, o que se deve a uma série de razões. Além disso, atualmente, embates legais repercutem amplamente nas redes sociais, e pode não pegar bem para uma das maiores empresas do seguimento dos sneakers quando decide tomar ações legais contra artistas e pequenos criadores. 

A Nike pede ao tribunal que impeça a MSCHF de vender os tênis e de usar o famoso logo de sua marca.

"MSCHF e seus "Satan Shoes" não autorizados provavelmente causarão confusão e criarão uma associação errônea entre os produtos MSCHF e a Nike", disse a empresa no processo.

Na verdade, já há evidências de confusão significativas ocorrendo no mercado, incluindo ligações para boicotar a Nike em resposta ao lançamento dos "Satan Shoes", com base na crença equivocada de que a Nike autorizou ou aprovou este produto. Muitos já criticam o fato da Nike sugerir tomar ações judiciais, já que não fez o mesmo com o lançamento da silhueta "Jesus Shoe", e apenas agora, após toda a polêmica do novo clipe de Lil Nas X, cria o contexto que entende que a customização é prejudicial à marca.

Enquanto tudo se desenrola, no Twitter, Lil Nas X parece levar tudo na brincadeira e no bom humor, como sempre, fazendo brincadeiras sobre a situação.