As conspirações mais estranhas do mundo dos tênis

As conspirações mais estranhas do mundo dos tênis

Por Rodrigo Dhakor

As teorias da conspiração estão longe de ser um fenômeno novo. Elas são uma presença constante nos bastidores há pelo menos 100 anos, diz o professor Joe Uscinski, autor do livro American Conspiracy Theories ("Teorias da Conspiração Americanas", em tradução livre).

Elas também são mais difundidas do que você imagina. "Todo mundo acredita em pelo menos uma e provavelmente em algumas", diz ele. "E a razão é simples: há um número infinito de teorias da conspiração por aí. Se fôssemos fazer um questionário sobre todas elas, todo mundo vai assinalar algumas opções." Esse cenário de pensamentos entre padrões e regularidades não se restringe apenas as tramas políticas ou eventos sem explicações detalhadas, pois até mesmo o mundo dos tênis apresentam seus fatos curiosos.

Entre perguntas como: O homem realmente pisou na Lua?, George W. Bush orquestrou um plano para derrubar as Torres Gêmeas?existem outras relacionadas ao universo dos sneakers que as vezes você nunca ouviu falar, como: A Nike patrocinou uma possível "viagem" intergaláctica?, Tupac Shakur está vivo?, o ex presdidente Bill Clinton assinou um pacto com o diabo?

(Foto @chimodu)

Tupac Shakur pode estar vivo e seus tênis tentam provar essa teoria. Um dos melhores e mais importante rapper de todos os tempos possui algumas das idéias mais bizarras envolvendo farsa, morte e seus tênis.

Ele está morando em Cuba?, Está sempre tirando selfies na África do Sul?, Trabalhando disfarçado para o FBI?, já se passaram quase 23 anos desde a morte de Tupac, mas a lógica dos questionários de alegações da Internet continua produzindo teorias de conspiração.

No clipe de música 'To Live and Die in LA' (Death Row, 1996), Tupac usou um par de Air Jordan que não foram oficialmente lançados dois meses após sua morte em 13 de setembro de 1996.

Da mesma forma, no vídeo de 'Toss It Up' (Death Row, 1996), Shakur é visto usando um par de tênis Nike Penny Hardaway inéditos e não vendido pela Nike até novembro de 1996.

 (Foto Death Row)

Mas as celebridades ocasionalmente não recebem tênis ainda não lançados no formato friends & family? Acreditamos que sim, não sabemos se em 1996 isso já era algo corriqueiro, por enquanto, vamos estudar toda a lógica e imaginar que Tupac ainda poderá lançar outros discos.

Em 1997, 39 membros fanáticos da seita Heaven's Gate (Porta do Paraíso), na cidade de San Diego, cometeram suicídio coletivo. O planeta Terra deveria ser "reciclado" e a única maneira de garantir a sobrevivência era uma espécie de viagem interestelar. Depois de cometer suicídio, sua alma seria transportada para uma nave espacial que seguiria o cometa Hale-Bopp.

(Foto SneakerFreaker)

Os 18 homens e 21 mulheres encontrados em camas na mansão tinham entre 26 e 72 anos, estavam vestidos de preto e cobertos com um véu triangular roxo. Bolsas de viagem, arrumadas, estavam ao lado das camas. Os exames indicaram que as mortes foram provocadas pela ingestão de uma mistura de álcool com o barbitúrico fenobarbital, um coquetel que os suicidas não ingeriram simultaneamente, mas em pequenas doses, ao longo de uma semana. Não havia marcas de violência e todos usavam o mesmo corte de cabelo, tipo escovinha e o mesmo tênis, o Nike Decade.

(Foto Paul Bareham)

Toda a conspiração durante um tempo ficou por conta de perguntas como: Mas por que todos usavam um Nike Decade? A Nike estava de alguma forma envolvida e patrocinando a viagem até a espaçonave?

Irritada, a Nike imediatamente retirou o Decade de circulação, por meio da polêmica de uma "propaganda" indesejada para a marca esportiva que tinha domínio sobre artigos esportivos.

Segundo membros vivos que seriam "centro de comunicação" da seita na terra, todos usavam os mesmos tênis por questões econômicas. As duas pessoas entrevistadas disseram à Sole Supplier que o lote foi comprado em uma loja de atacado chamada K-Mart e que a seita Heaven's Gate foi capaz de fazer um bom negócio junto a loja e um representante de vendas da Nike .

 

(Fotos Basketsession)

O ocultismo dos Illuminati anda sendo fonte e preferência simbológica dos tênis de Kyrie Irving, desenhados pelo designer Benjamin Nethongkome.

Os modelos Nike Kyrie 4 e o Kyrie 5 apresentam em determinadas partes o Olho da Providência (ou "olho que tudo vê"), um símbolo tipicamente invocando a onipotência dos olhos de Deus. Mas também ligado aos Illuminati, uma sociedade secreta de agentes do poder que foram ligados a várias teorias da conspiração desde o início do século XVIII.

Irving ultimamente parece ter interesse nas teorias do ocultismo e da conspiração em geral. Isso inclui até uma declaração na qual ele diz acreditar na ideia de que a Terra é plana. Os símbolo dos tênis possuem o olho que tudo vê dentro do triângulo com números da geometria sagrada (3, 6 e 9), conduzindo Irving a transitar pelas ideias ocultistas de Pitágoras sobre a criação da realidade e de outros conhecimentos esotéricos.

Explicando sobre o possível elo do jogador com os Illuminati, Nethongkome, o designer disse apenas que: "Um último detalhe eles adicionaram como referência as habilidades do jogador em quadra. Um olho gráfico que tudo vê, não é para representar os Illuminati. O símbolo é propositalmente para desafiar todos a pensar além do que vêem." 

 

Em 1992, alguns meses antes de Bill Clinton ser eleito presidente dos Estados Unidos, a New Balance fabricou um modelo '666' que posteriormente foi assinado por Bill e Hillary Rodham Clinton.

Coincidência ou não, a história conta que Hillary escreveu uma tese em 1969 - 50 anos atrás - para a Wellesley College, faculdade liberal para mulheres, sobre o escritor socialista Saul Alinsky. O documento "Existe apenas a luta: uma análise do modelo Alinsky" ("There’s Only the Fight: An Analysis of the Alinsky Model", no original), discutia um livro publicado apenas dois anos depois, em 1972, "Regras para Radicais" (ou "Rules for Radicals"). E no texto de Alinsky, três referências são citadas: Rabbi Hillel, Thomas Paine e Lúcifer.

Este último, descrito como "o primeiro radical" que "ganhou seu próprio reino".  Alinsky era como "mentor" de Clinton, alimentando "todas as filosofias" dele. O texto de Hillary esteve guardado pela Wellesley College desde a corrida presidencial que levou Bill Clinton ao cargo da Casa Branca determinando o "sigilo" do material, que foi liberado ao público apenas em 2001, após Clinton ter deixado a presidência dos Estados Unidos.

(Foto J. Scott Applewhite)

Basicamente, vemos algumas coincidências em torno de grandes eventos e, em seguida, inventamos uma história sobre eles. Essa história se torna uma teoria da conspiração porque contém "mocinhos" e "vilões" - sendo estes últimos responsáveis por todas as coisas de que não gostamos.

Para entender por que somos tão atraídos pela noção de forças obscuras que controlam diversos eventos, precisamos focar na psicologia por trás das teorias da conspiração.

Somos muito bons em reconhecer padrões e regularidades. Mas às vezes exageramos nisso - achamos que vemos sentido e significado quando realmente não há, ou há?

Fonte: Sneaker Freaker