Michael Malekzadeh, o acusado de criar esquema de 'pirâmide' com Air Jordan

Michael Malekzadeh, o acusado de criar esquema de 'pirâmide' com Air Jordan

Um esquema Ponzi é classificado como uma operação fraudulenta, onde investidores são cooptados a darem seu dinheiro para alguma espécie de investimento que promete altos retornos. À medida que novos investidores entram, esse novo dinheiro é repassado, em parte, para os investidores antigos, dando a impressão de que o dinheiro está de fato rendendo.

Acontece que a medida que o esquema começa a crescer, fica cada vez mais difícil sustentar a ilusão de crescimento para todos os clientes, além da quantidade de novos investidores diminuir, reduzindo a entrada de dinheiro novo.

Michael Malekzadeh, da cidade de Eugene, Oregon, nos Estados Unidos, foi apelidado pelas autoridades americanas de Bernie Madoff dos tênis. O criminoso Bernie Madoff culpado de orquestrar o maior esquema de pirâmide financeira (esquema de Ponzi) da história.

Assim como Madoff, Malekzadeh teria montado um grande esquema Ponzi, só que ao invés de "altos retornos de investimentos", Michael teria prometido a seus clientes tênis Air Jordan.

Conforme relatado pelos agentes federais, a fraude durou anos, e demorou meses para que os policiais conseguissem desvendar o esquema, que só ficou claro quando houve um pico na demanda de um de seus tênis durante a pandemia: o Air Jordan 11 Retro Cool Grey.

(Foto: Nike)

Nos últimos anos, o mercado de tênis se transformou em um negócio bilionário, sendo alçado à alturas ainda maiores durante a pandemia. Por conta disso, muitos colecionadores, resellers e, até, day-traders estavam negociando silhuetas Nike e Adidas, levando o preço dos calçados às alturas.

De seu armazém, Malekzadeh oferecia tênis cobiçados a um preço abaixo do retail, antes mesmo dos fabricantes lançarem o produto. Segundo os promotores, ele estava recebendo os milhares pedidos, coletando o dinheiro, sem a menor intenção de fornecer os tênis.

Quando os pedidos não chegavam aos clientes, ele intimidava os consumidores e oferecia crédito e vale presentes de valores ainda maiores do que os pagos pelos clientes indignados. Isso ajudou a manter o esquema de pé por quase 10 anos, segundo os promotores, enriquecendo Michael, e alguns seletos clientes que conseguiam os vales antes dos outros.

Mas foi durante um momento de ganância que Malekzadeh foi pego. Ao anunciar a venda do Air Jordan 11 Cool Grey, que estavam sendo vendidos pela Nike por U$ 225, a Zadeh Kicks, sua empresa, anunciou os modelos por apenas U$ 115, e acabou vendendo 600 mil pares, quando só tinha apenas 6 mil em estoque.

A maior parte dos clientes nunca recebeu os calçados, mas a empresa embolsou cerca de U$ 70 milhões, dizem os promotores, que ainda trabalham para encontrar todo esse dinheiro.

(Michael Malekzadeh posando na frente da Lamborghini Urus (esquerda) e em uma bicicleta Louis Vuitton de U$ 28.900 na sala de sua casa em Eugene, Oregon - Foto: Nicekicks)

De acordo com documentos judiciais, Malekzadeh gastou grande parte de seus lucros em Bentleys, Ferraris e Lamborghinis. Cerca de U$ 3 milhões foram para bolsas, joias, peles e relógios Louis Vuitton tão caros quanto U$ 600.000 por peça.

Até agora, o FBI apreendeu U$ 6,1 milhões em dinheiro de Malekzadeh, além de relógios e cerca de 1.100 pares de tênis de sua coleção pessoal.

Michael Malekzadeh foi acusado mas não está preso por nenhum crime até o momento (08).