A New Balance trouxe realmente um "novo balanço" e dominou, assim como às outras marcas, o ano de 2020. Em um período cheio de incertezas impostas por uma pandemia global, a marca sediada em Boston conseguiu manter seu padrão de qualidade sempre constante e obteve sucesso em quase todos os lançamentos que aconteceram durante os últimos 12 meses.
Lá fora a marca consagrou o retorno de clássicos como o 920, 992 e 1300, renasceu modelos "obscuros" como o 827 e o 550, trouxe silhuetas como o 327, o RC 1300 e o Vision Racer de Jaden Smith, isso sem contar a imensa lista de parceiros colaborativos que a marca manteve dinâmica e que têm projetos com Salehe Bembury, WTAPS, Casablanca, Aimé Leon Dore, KITH, Bodega, JJJJound, Levi's, Patta, entre vários outros e várias outras.
Como a New Balance fez isso acontecer? Como a marca caminhou da linha tênue entre a os lançamentos de GR e os modelos colaborativos exclusivos e limitados, ao mesmo tempo que satisfaziam sua base de entusiastas antigos?
Toda essa fase pode ser dividida em três partes:
3. Colaborando com parceiros atuais e notavelmente atraentes.
Embora a New Balance venha ser pouco conhecida por suas inovações em modelos atuais feitos para corrida e performance, na esfera do lifestyle e na comunidade sneakerhead, ela é há muito tempo associada às suas silhuetas clássicas que fazem vivo o arquivo de toda a New Balance.
Da linha 990 aos modelos como o 1300, e os esquemas de cores cinza do 574, vários produtos da New Balance oferecem uma dose reconfortante de familiaridade.
Até mesmo Steve Jobs pensava assim: seu conhecido uniforme que compunha camiseta preta gola alta e calça jeans costumava ser complementado por um par do modelo 991, posteriormente, o 992.
(Foto 43einhalb)
Jobs amou tanto a linha 990, que reza a lenda que ele pode ter ajudado a projetar o 992. Um relato conta - embora nunca confirmado pela marca - que Jobs enviou ao presidente da NB, Jim Davis, uma carta pessoal e um esboço do que desejava de um calçado, correspondência essa que ajudou no avançar da linha.
Embora os relatos envolvendo Jobs possam ser apenas lenda, o amor pelo 992 voltou a ser real em 2020. Como um modelo de 14 anos voltou e teve um relançamento tão impactante?
"Há muito tempo as pessoas clamavam por um relançamento adequado do 992", disse Brad Lacey, diretor sênior de design global da New Balance.
"Definitivamente havia um desejo reprimido em torno da silhueta. Além disso, as pessoas procuram coisas em que podem confiar em tempos de instabilidade. A franquia 990 é a mais antiga gama de tênis feito para corrida e desempenho. Está tudo aí desde 1982, e as pessoas sabem do ponto de vista da qualidade e da aparência", conclui.
Embora a linha 990 possa ostentar vários clássicos e uma história de quase 40 anos, algumas silhuetas mais desconhecidas dos arquivos da marca também causaram um "novo balanço" considerável. Foram eles o 827, um runner com camadas artísticas que foi introduzido pela primeira vez em 1997, e o 550, um tênis retro de basquete existente desde 1989.
(Fotos Aimé Leon Dore)
Um método testado e comprovado para gerar entusiasmo foi usado em torno de cada uma dessas silhuetas. Começando com uma colaboração cobiçada e, depois, prosseguindo com iterações bem pré-definidas. Ambas as colaborações envolvendo Stray Rats e Aimé Leon Dore deram uma cara nova ao 827, e a Aimé Leon Dore ainda fez do 550 um dos tênis de sucesso mais inesperados do ano.
"Acertamos em cheio o [327] e sabíamos que tínhamos um acerto quando todas as amostras em nossa sede desapareceram", palavras de Brad Lacey sobre a silhueta 327.
Trazer uma nova silhueta ao mercado foi um desafio. Lacy mencionou que, os consumidores geralmente querem aquilo com que se sentem confortáveis. Eles podem torcer o nariz para novos designs e estilos, mas não se esquivar de um tênis testado e aprovado, ao mesmo tempo que mantém a lealdade à marca é uma arte em si. Esta é uma das razões pelas quais o New Balance 327 virou algo tão impressionante.
(Foto New Balance)
Uma silhueta de estilo casual totalmente nova e ainda com uma dose retrô. O 327 traz partes iguais do passado e do presente, emitindo um visual que não é datado, mas que também não carrega nenhuma tecnologia moderna.
"Nós realmente voltamos a mentalidade de um designer dos anos 70, mas juntamos com as ferramentas de hoje", diz Lacy. "O visual é inerentemente familiar, para que as pessoas se sintam confiantes ao usá-lo, e também consigam o ajuste e o conforto aprimorados entre materiais atuais".
Não é apenas a marca e seus consumidores vorazes que apreciam a linguagem do design do passado e do presente da silhueta 327, seus colaboradores também. Embora não seja uma silhueta patrimonial, como o 827 ou o 550, a chegada do 327 foi anunciada da mesma forma, por meio de uma colaboração memorável, e nesse caso, a marca fechou parceria com a marca francesa Casablanca.
O 327 habilmente percorreu os caminhos do limite entre manter um legado e entrar no futuro. No outro extremo dessa fase aparece o Vision Racer feito em parceria com Jaden Smith, que investiu totalmente no "inabitável" e no desconhecido.
(Foto New Balance)
Com uma construção sustentável e com princípios veganos, o Vision Racer foi em uma direção inteiramente nova para a New Balance. Inspirado no 1700 e contendo partes do DNA do X-Racer, silhuetas NB favoritas de Smith, o modelos é totalmente diferente de tudo que a marca havia lançado antes.
Outras colaborações convincentes também fizeram com que o padrão da marca se mantivesse a altura de todas as outras e dos lançamentos mais cobiçados que surgiram durante o ano.
Salehe Bembury, designer altamente considerado por seus trabalhos na Versace, estendeu a linha NB com uma interação exclusiva do modelo 2002R.
Fora o 2002R de Bembury, das colaborações envolvendo a Aimé Leon Dore e todas as outras marcas já citadas acima, a nova maneira de pensar da New Balance também ajudou a cultivar relações com outros parceiros, como o designer Joe FreshGoods e inúmeras marcas estimadas como Atmos, Staples, Shoe Palace, COMME des GARÇONS, DTLR, AURALEE, BEAMS, Áries, Junya Watanabe MAN, Snow Peak, Journal Standard, One Block Down, Randomevent, UNIK, No Vacancy Inn, entre tantas outras.
A marca também adotou em 2020 os lançamentos das chuteiras de futebol Furon V6 e Tekela V2 e deu a elas uma reforma tradicional ao transformá-las em edições de couro, levando a marca cada vez mais forte para dentro dos gramados.
(Fotos New Balance)
No Brasil, o ano de 2020 foi completamente planejado para os lançamentos da linha running, mas a marca teve que modificar e readequar suas estratégias por conta da pandemia do coronavírus, que suspendeu as corridas de rua em meados de Março. Então a New Balance Brasil, que tinha se programado para investir no setor de corrida com força este ano, trouxe o lançamento de alguma das silhuetas mais importantes do ano e obteve sucesso absoluto de vendas.
Espera-se que 2021 seja um ano incrível para uma das marcas mais incríveis da indústria dos calçados. Os entusiastas brasileiros ainda aguardam que o país seja de fato um dos alvos que receberão em grande parte o trabalho desenvolvido pela marca lá fora.
Brad Lacey, o já citado diretor sênior de design global da New Balance e o gerente sênior de colaborações globais Joe Grondin, confirmam que a New Balance agora pode olhar para trás e ver um ano baseado em sucesso. E que no entanto, a marca que logo completará 115 anos não tem planos para desacelerar.
"Você verá coisas que irá te surpreender. Em 2021 virão coisas que farão você pensar duas vezes. Vamos expandir e desenvolver a marca de uma maneira realmente interessante nesses próximos anos". Finaliza Lacey.