O sportswear dominou as principais tendências da década

O sportswear dominou as principais tendências da década

Por Rodrigo Dhakor

Foi-se o tempo em que o termo sportswear (roupas esportivas) era usado somente para designar os trajes usados por atletas. Desde que os uniformes das mais variadas modalidades passaram a exercer extrema influência na moda, entre a década de 70 e principalmente nos anos 80, dominados por collants, leggings, moletons, polainas e bodies, o estilo esportivo se tornou subjetivo.

Talvez por isso, o termo foi aos poucos chegando ao universo dos tênis no que diz respeito às silhuetas destinadas às atividades físicas. Hoje, os modelos sportswear se relacionam muito mais com o conceito de praticidade e elegância para as mais variadas ocasiões. 

Eles, os tênis e as roupas denominadas sportswear, dominaram as colaborações entre designers, marcas de luxo e empresas não esportivas mais do que nunca nos últimos anos. Esse "domínio", que até o ano de 2010 era absolutamente das marcas de artigos esportivos, hoje passa a culminar com as maiores tendências criadas em meio a década.

Muito além de um calçado básico, designers ou estilistas, marcas e influenciadores de todo o mundo mostram que a vertente sportswear de hoje cultiva uma relação muito próxima dos valores que pautam o comportamento de consumo da nossa sociedade.

Baseado nisso e de acordo com outras informações, reunimos alguns dos momentos mais memoráveis do sportswear nos últimos 10 anos. 

O domínio da Lululemon e das calças de ioga 

Se os tênis dominaram o final da década, as calças de ioga e as marcas de moda como a Lululemon dominaram o início dos anos 2010. As calças confortáveis ​​e ajustadas ao corpo migraram do estúdio de ioga para as ruas e foram cada vez mais usadas por mulheres como roupas cotidianas e casuais. 

Assim como tênis, camisetas ou outros artigos esportivos, as calças de ioga não eram mais usadas exclusivamente para a finalidade de desempenho pretendida, mas para conforto e estilo. As vendas da Athleisure chegaram a US $ 48 bilhões em 2018 e continuarão a crescer ao longo de 2021, de acordo com o NPD 

  

(Foto Thomas Welch) 

O império YEEZY de Kanye West

Ao deixar a Nike (citando também motivos de restrições criativas) e ao ingressar na Adidas em 2014, Kanye West finalmente conseguiu o que queria: o apoio necessário para construir seu império com a marca YEEZY

O primeiro modelo de Adidas Yeezy foi lançado em 2015, logo depois e até hoje, são inúmeras as silhuetas e cores que  se originam ano após ano. A maior conquista talvez seja sua capacidade de manter os Yeezys "exclusivos"e um nome familiar em todo o mundo.

 

O império "The Ten" de Virgil Abloh

A Nike tem sua versão do mesmo império que a Adidas construiu com Kanye West e é a colaboração "The Ten" parceria com Virgil Abloh. E tudo começou como uma coleção limitada no final de 2017 e desde então se transformou em mais de 40 tênis diferentes e várias coleções de roupas. 

Abloh é sem dúvida hoje o designer mais famoso do mundo atualmente, e sua coleção "The Ten" mudou a escala de pensamentos quando se trata de juntar marcas e colaboradores externos.

 

 

(Foto Nike)

PSG adota Jordan Brand e muda o jogo

A parceria estratégica entre Paris Saint-Germain e a Jordan Brand serviu para o clube de futebol francês trocar o Swoosh da Nike de sua camisa pelo logotipo Jumpman no uniforme da Liga dos Campeões de 2017, mudando o conceito de camisas de time de futebol (ou seja, uma marca relacionada ao basquete estampada no patrocínio de um time de futebol). 

Embora o estilo (especialmente versões retrô) tenha sido usado casualmente no passado, as iterações PSG x Jordan foram imediatamente um símbolo de status,  adoradas por Gigi Hadid, Kendall Jenner e outras pessoas que nem sabera ser fã de futebol assim. 

A colaboração legitimou o PSG como uma marca de lifestyle e deu à Jordan Brand o caminho para todo um mercado em que não tinha presença prévia.

 

Palace se junta ao sportswear

A Palace, cultuada marca de skate sediada em Londres, mais conhecida por suas coleções inspiradas na cultura e pelas descrições hilariantes de produtos, deixou sua marca graças a uma ousada mudança ao se envolver com esportes de desempenho por meio de collab com a Adidas.

Uma coleção Palace x Adidas Wimbledon, histórica por si só, foi usada pela eventual ganhadora feminina Angelique Kerber. Logo depois, para não ficar para trás em relação a collab PSG x Jordan Brand, a Palace se uniu à Juventus e a Cristiano Ronaldo (provavelmente o jogador de futebol mais comercial da década) lançando uniforme de edição especial e outros equipamentos de treinamento.

 

 

(Foto Nike)

Camisa da Nigéria na Copa do Mundo 

A camisa "Home" da Nigéria usada na Copa do Mundo da FIFA 2018 na Rússia era estilosa (e uma das camisas mais populares fora de campo) que chegou a ofuscar o desempenho do país dentro do grande torneio. O anúncio da camisa se espalhou e em seu lançamento inicial o modelo se esgotou em quase todos os lugares do planeta, sendo apenas encontradas no mercado de revenda e valendo quantias absurdas.

 

Os tênis se tornar mainstream

O grande crescimento da indústria de tênis nesta década se reflete melhor no fato de que mesmo os mais velhos provavelmente conhecem (ou já ouviram falar) de Yeezy, e que plataformas de revendas como GOAT e StockX legitimaram o mercado dos resellers

Considerando que antes eram pequenos os grupos de jovens que usavam, colecionavam e trocavam tênis, agora existe uma "dificuldade" em encontrar pessoas que não possuam pelo menos um tênis que se vincule ao momento, um status ou aparência.

 

(Foto Getty Images / Zach Beeker)

A NBA virou uma Fashion Week

O que começou como inocentes imagens pré- jogo se transformou no que muitos chamam de "NBA Runway Show". Muitos dos jogadores usam roupas cada vez mais "tendenciosas" e se tornaram outdoors de marcas e estilistas. Ainda assim, o interesse em relação ao que os jogadores estão vestindo é o mais alto de todos os tempos, um indicativo de como os atletas profissionais se tornaram ainda maiores entendedores além do que oferecem em quadra.

 

As marcas de luxo "dependem" do streetwear

Hoje existe uma grande transição e amizade entre as marcas luxuosas da alta moda e as marcas de roupas esportivas casuais e/ou relacionadas ao streetwear, e no final das contas o que as pessoas vestem só ficou menos formal. 

O final lógico desse "ótimo relacionamento" é a ponte feita por meio do sportswear. Acontece que, com o domínio do sportswear, as casas de moda finalmente acharam o momento certo para se juntar, e após colaborações como Supreme x Louis Vuitton, hoje Dior e Jordan Brand se unem facilmente, assim como Prada e Adidas. Se o sportswear definiu a década de 2010, foi ele que trouxe papel importante para o envolvimento das marcas esportivas com as grifes da alta moda.

 

(Fotos Nike)

Abaixo de 2:00:00

Durante grande parte da década, a Nike esteve em uma missão, criar o tênis de corrida mais rápido de todos os tempos. Em 2016, a marca anunciou seu projeto Breaking2, que era uma tentativa de quebrar a barreira de duas horas de uma maratona. 

Três corredores de elite, Eliud Kipchoge, Zersenay Tadese e Lelisa Desisa, foram escolhidos para competir em uma corrida privada na Itália. Kipchoge terminou com o tempo de 2:00:25, apenas 26 segundos a menos que a barreira. Em uma outra tentativa este ano, Kipchoge finalmente conseguiu alcançar o feito, registrando um tempo de 1:59:40 (embora o tempo não tenha sido oficialmente reconhecido como um recorde mundial sob os padrões da IAAF), se tornando um dos grandes marcos de uma marca do sportswear.