O atacante do Milan, Zlatan Ibrahimovic, questionou recentemente a desenvolvedora EA Sports (Eletronic Arts) pelo uso de seu nome e imagem na franquia de jogos Fifa.
Ele disse que não autorizou a empresa ou a Fifpro (organização internacional de atletas) a lucrar com seu nome.
O "Fifa" é uma franquia de videogame com temática de futebol desenvolvida e publicada pela EA. A nova versão foi anunciada em Junho de 2020 e traz Kylian Mbappé como ícone.
"Quem deu permissão ao "Fifa EA Sport" para usar meu nome e rosto? Fifpro? Não sei se sou membro do Fifpro e, se for, fui colocado lá sem nenhum conhecimento real por meio de alguma manobra estranha. E com certeza nunca dei autorização a Fifa ou a Fifpro para ganhar dinheiro às minhas custas", escreveu o jogador no Twitter.
Who gave FIFA EA Sport permission to use my name and face? @FIFPro? I’m not aware to be a member of Fifpro and if I am I was put there without any real knowledge through some weird manouver.
— Zlatan Ibrahimović (@Ibra_official) November 23, 2020
And for sure I never allowed @FIFAcom or Fifpro to make money using me
"Alguém está lucrando com meu nome e imagem sem qualquer acordo todos esses anos. Hora de investigar!", protestou o atleta.
Quando o jogador entra em campo e a sua imagem aparece na transmissão da partida, seja ela por TV ou internet, é o chamado "direito de arena". Por outro lado, quando a questão é a exploração da imagem do atleta, trata-se de um direito "personalíssimo", explica o especialista em direito civil e professor na Universidade de São Paulo (USP), Antonio Carlos Morato, e não faz parte do acordo assinado entre o jogador e a instituição esportiva. "Os contratos desse tipo são interpretados de uma forma restritiva", constou.
"A autorização que se dá para a utilização de imagem envolve fundamentalmente a prática esportiva e, fora isso, o próprio atleta é livre para celebrar os contratos publicitários, os contratos que envolvam a utilização da sua imagem sem qualquer tipo de restrição em relação ao clube", explicou Antonio Carlos.
Para ele, então, "o ideal (no caso de Ibrahimovic) seria que o produtor do videogame tivesse buscado não a autorização do clube, mas a autorização de cada atleta".
O Milan, time onde joga o sueco, tem um acordo plurianual com a EA Sports, começando com o Fifa 21, dando à franquia acesso aos atletas, uniformes, campos de treinamento e o estádio San Siro.
Segundo o professor da USP, "o normal seria que o atleta propusesse uma ação visando a condenação da empresa por uso indevido da imagem".
"Em regra, a utilização da imagem do jogador está atrelada única e, então, somente à transmissão das partidas de futebol. Qualquer uso que vá além disso tem de ser ajustado com o jogador à parte".
A exemplo do que ocorre com a produção dos álbuns de figurinha, Morato explica o que seria o correto a fazer no caso em questão. "O clube poderia autorizar o uso de imagem dos seus atletas nos álbuns, mas não é isso que se faz. Grandes empresas, como por exemplo a Panini, sempre buscam a autorização de cada jogador para justamente não ter esse tipo de conflito por conta do uso da imagem", esclareceu.
Portanto, quem estaria errado na história é a EA Sports, pois "um jogo de futebol não tem nada a ver com um jogo eletrônico", porém sem tirar a responsabilidade do Milan, "porque os dois podem ser demandados".
Em resposta, a EA diz que "ao criar uma experiência autêntica ano após ano [em Fifa 21], trabalha com várias ligas, times e jogadores para garantir os direitos de incluir o personagem no jogo".