Parte do esporte mundial entra na UTI segundo especialistas

Parte do esporte mundial entra na UTI segundo especialistas

Tudo prevê um ano de recordes negativos, onde o esporte global calcula prejuízos em virtude da pandemia do coronavírus. Apenas o ramo profissional movimenta anualmente US$ 756 bilhões no mundo. Com a interrupção e o possível cancelamento das principais ligas, as perdas em receitas chegam a US$ 15 bilhões, segundo estudo da Sports Value, agência brasileira de marketing esportivo.

"Os US$ 741 bilhões restantes vêm de indústria, varejo, academias, apostas e infraestruturas que estão paradas, mas que não estão diretamente ligadas ao esporte profissional", diz o administrador de empresas Amir Somoggi, sócio-diretor da Sports Value.

Ele afirma que as perdas globais relacionadas apenas à indústria do futebol – a maior de todas entre os esportes – não têm volta. Para ficar em apenas um exemplo: "Os clubes terão de reembolsar os torcedores, algo que não estava previsto no orçamento".

O efeito em escala é ainda mais devastador. Pelas estimativas da agência, a cada US$ 1 gerado diretamente por uma liga profissional, o impacto indireto na economia pode chegar a US$ 2,50. Um torcedor que comprou antecipadamente ingresso gastaria ainda com transporte, comida, bebida e qualquer produto fora do estádio. Essa receita indireta também deixará de ser contabilizada. Isso sem contar os impostos, que reforçariam os caixas dos governos.

(Foto Sports Illustrated)

De acordo com o levantamento da Sports Value, as quatro principais ligas americanas de esportes são as mais afetadas com os estádios e ginásios fechados. As perdas em receitas são de US$ 2,2 bilhões na MLB, US$ 1,4 bilhão na NFL, US$ 1,1 bilhão na NHL e US$ 1 bilhão na NBA . No futebol, a mais atingida será a Premier League, com prejuízo de US$ 718 milhões.

O atual campeão europeu e mundial, o Liverpool decidiu colocar de licença seus funcionários que não são jogadores profissionais. A agremiação vai usar programa do governo britânico que, para evitar demissões por causa da pandemia, paga 80% dos salários dos empregados de empresas privadas no limite de £ 16 mil libras por mês.

No Brasil, estima-se que o rombo chegue a R$ 1.051.790,00 bilhão com a interrupção dos torneios em andamento, além do adiamento do início do Campeonato Brasileiro. O segmento emprega 156 mil pessoas, direta e indiretamente, e teve impacto de 0,72% no PIB de 2018, segundo estudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Na segunda-feira (06), a CBF anunciou a liberação de pouco mais de R$ 19 milhões para equipes que disputam as séries C (R$ 200 mil cada) e D (R$ 120 mil). O valor equivale à média das folhas salariais de dois meses dos atletas das duas competições. O apoio foi estendido a clubes das séries A1 (R$ 120 mil cada) e A2 (R$ 50 mil) do Brasileiro Feminino. Além disso, as 27 federações estaduais receberão R$ 120 mil cada.

Um pouco de fôlego, mas que pode não ser suficiente para boa parte dos clubes que, no País, sistematicamente são endividados e mal administrados.

Que o isolamento social, que a solidariedade, que este tempo maior para refletir, sirva de inspiração para entendermos o que é realmente importante. Em primeiro lugar a saúde, a vida das pessoas.