A CBF e a Nike divulgaram oficialmente, na última semana, o conjunto de camisas a ser utilizado pela seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar. A coleção “Veste a Garra” chamou a atenção pelas estampas inspiradas na onça-pintada e gerou debates – e críticas.
Mas, afinal, por que a Nike escolheu a polêmica inspiração no animal típico do Pantanal brasileiro?
Os profissionais envolvidos no projeto, iniciado ainda antes da pandemia, contaram os bastidores da criação do uniforme que vestirá a seleção na companhia do Qatar.
(Foto: Nike)
Entre 2019 e 2020 eles contaram com as participações da alta cúpula da CBF e de integrantes do departamento de criação da fornecedora de material esportivo em Beaverton (estado de Oregon), nos Estados Unidos.
De um lado, os dirigentes brasileiros pediam uma linha exclusiva para a seleção. O então presidente da CBF, Rogério Caboclo, e o diretor de marketing da confederação à época, Gilberto Ratto, desejavam que a camisa do time de Tite tivesse sua própria estética – e não que apenas se enquadrasse uma modelagem padrão para todas as seleções que têm contrato com a Nike, alterando apenas cores e distintivo. A empresa americana topou e ainda desenvolveu uma fonte (para os números) exclusiva também.
A partir daí, com o projeto em andamento, a Nike também fez o seu pedido. Foi a fornecedora de material esportivo quem deu a ideia de tocar o desenho a partir da inspiração no animal. Na visão dos profissionais americanos, a estampa de onça estava em alta no cenário da moda e ainda casaria com uma característica da fauna brasileira. A CBF topou.
A entidade viu com bons olhos ter uma causa por trás do projeto do uniforme. “Símbolo do espírito e coragem da nação, o design sutil da onça reflete o povo e o estilo de jogo da seleção brasileira em campo – feroz e artístico”, explicou a Nike.
(Foto: Nike)
O design citado nem sempre foi tão sutil. Nas conversas que seguiram durante a pandemia, um primeiro esboço do uniforme apontava para uma camisa azul ainda mais ousada. Além das mangas, o uniforme reserva teria a estampa da onça-pintada na barra inferior da camisa, no calção e nos meiões. A confederação não curtiu a ideia e vetou a proposta.
Ainda entre suas respostas sobre o plano inicial, a CBF reforçava o desejo de ter algum detalhe azul na camisa 1 (a tradicional amarela) e tons de verde no uniforme 2. Pedido aceito.
Outra exigência da CBF, especialmente na figura do então presidente, foi a de que o distintivo da confederação tivesse o maior tamanho possível na camisa. A tradicional logo da entidade foi ampliada até o limite permitido pela Fifa em uniformes para jogos oficiais.
(Foto: Nike)
A sequência de conversas antes das aprovações finais contou ainda com a participação do então gerente de marketing da CBF, Fábio Ritter, e do diretor de seleções, Juninho Paulista.
Entre conversas presenciais, conferências onlines e inúmeras trocas de mensagens, a camisa a ser utilizada na Copa do Qatar teve sua versão final aprovada no primeiro trimestre de 2021. Antes do “ok” derradeiro, até o técnico Tite e integrantes de sua comissão foram consultados – e aprovaram – o desenho tornado público na última semana.