Por Rodrigo Dhakor
É "estratégico" poupar atletas durante os 82 jogos da temporada regular da NBA para tê-los "inteiros" nos playoffs. O que antes era apenas uma questão de ordem técnica já não é mais uma possibilidade. A partir desta temporada, os times devem ter sempre a força máxima disponível em quadra sob o risco de serem multados.
O comissário da NBA Adam Silver, que comanda a maior competição de basquete do mundo justifica que os fãs compram ingressos para ver os principais atletas atuando e ficam frustrados quando seus ídolos não jogam mesmo saudáveis.
Outro fator que também pesou para que normas fossem criadas, foi a pressão das emissoras de TV. Walt Disney (ESPN e ABC) e Time Warner (TNT), que fecharam um contrato de US $ 24 bilhões (R$ 100 milhões) para transmitir os jogos das temporadas 2016/2017 até 2025/2026 e ficavam reféns de partidas esvaziadas em horário nobre.
(Foto Reuters)
As regras que impedem os "descanso" dos jogadores passaram por aprovação envolvendo os donos das 30 franquias em 2017 e vem dividindo opiniões nos Estados Unidos. O atual técnico do Orlando Magic, Steve Clifford, disse ao New York Daily News que Michael Jordan, dono do Charlotte Hornets, sempre foi claro ao falar com seus jogadores sobre o assunto: "Você é pago para jogar 82 jogos".
Curiosamente, essa também era a mentalidade de Jordan quando ele atuava. Em sua apresentação para a temporada 2001/2002, quando voltava de sua segunda aposentadoria para defender o Washington Wizards, Jordan foi perguntado sobre sua forma física e respondeu: "Quero jogar sempre, pois posso fazer os 82 jogos da fase regular".
O discurso de jogar o máximo de partidas também é reforçado pelo melhor jogador da atualidade, LeBron James. "Se estou lesionado, não jogo. Se não, estarei na partida. Esse sempre foi meu lema", disse o astro do Los Angeles Lakers à ESPN americana.
(Foto USA Today)
A quem faça críticas mais pesadas sobre o tema. "Eu acho que isso é besteira. É uma desgraça para a NBA. Os torcedores merecem mais. Não poderia me importar menos com treinadores pedindo que seus atletas descansem ou não. Jogar é uma escolha do jogador e, se ele opta por não entrar em quadra estando bem fisicamente, desrespeita o jogo", disse o armador Patrick Beverley, hoje no Los Angeles Clippers, na época da votação sobre as novas determinações.
Deixar atletas no banco de reservas, principalmente nos back-to-backs (jogos em noites seguidas) é uma prática antiga para o San Antonio Spurs. Antes mesmo de existir um pena estabelecida, a franquia texana do técnico Gregg Popovich foi multada em US$ 250 mil (cerca de R$ 534 mil, na época) pelo antigo comissário da NBA, David Stern.
"A NBA precisa entender que a ciência do que fazemos está muito mais sofisticada em comparação ao passado. Definitivamente, nós adicionamos anos às carreiras dos jogadores. Então, é uma troca: você quer ver esse astro por um jogo ou por mais três anos atuando na liga? E quer vê-lo agora ou nos playoffs?", argumentou o técnico, em entrevista ao jornal San Antonio Express-News.
(Foto Logan Riely/NBAE via Getty Images)
Quem também defende o load management (gerenciamento de carga), termo criado para explicar o controle feito pelas equipes no controle de minutos jogados por atletas e a carga de treinos proposta, é o ala Kevin Durant. "A verdade sobre isso é que isso (críticas) só ocorrem sobre alguns jogadores da liga. Ninguém se importa se o décimo terceiro jogador do banco de reservas está descansando. Eles só se preocupam com LeBron James, Stephen Curry, James Harden, Russell Westbrook, etc. É tudo sobre esses jogadores. Então vocês querem fazer regras novas apenas para eles?".
Adam Silver não comentou e nem deu outros detalhes, apenas se manifestou sobre o assunto de também revisar o calendário da liga e alega interesse em montar um torneio mais curto, podendo encurta a temporada para 78 jogos dos 82 habituais.