Reza a lenda que um dos pioneiros da música eletrônica, a cada quinze dias, acorda junto com o nascer do sol e segue para uma montanha perto de sua casa em Phuket, na Tailândia.
Ele tem que sair de casa no primeiro chamado para uma oração, daí enfrenta uma caminhada de nove quilômetros por uma densa floresta tropical - até o cume e, no caminho, continua andando atento a cobras, escorpiões e tarântulas.
“Aqui você realmente vê o que é a vida e a morte, bem na sua frente”, diz.
Uma pequena estranheza existe porque estamos falando de Clifford Joseph Price, inquieto célebre personagem conhecido mundialmente como Goldie, um apelido que deriva de "Goldielocks", usado em sua época de Bboys e alusão a quando usava dreadlocks.
(Foto: Billborad)
Inicialmente ganhando exposição por seu trabalho como grafiteiro, Goldie se tornou uma lenda por ser pioneiro no drum'n'bass e no breakbeat hardcore do Reino Unido, nos anos 90, além ser considerado padrinho do grime, lançar vários singles sob o pseudônimo de Rufige Kru e co-criar o selo Metalheadz, chamado por ele, e por muitos, de o “Velho Testamento” do drum'n'bass.
Assim, Goldie se tornou um dos nomes mais importantes da música eletrônica, um verdadeiro criador de hits, um artista completo de carisma e talento. Seu primeiro álbum, "Timeless", é um dos tratados musicais mais emblemáticos da época de ouro da música eletrônica e levou a sofisticação e definição do drum'n'bass para novas fronteiras.
Alguns anos se passaram, na linha do tempo, e em 1996 Goldie ficou ainda mais famoso por namorar a cantora Björk, fato que envolve até o famoso atentado de um fã que tentou, pelo menos, desfigurar a cantora com uma carta-bomba de ácido.
(Foto: Reprodução / ID)
Nascido na Inglaterra, cria de Wolverhampton e um Scottish Jamaicans (jamaicano de ascendência escocesa), Clifford Joseph Price foi colocado para adoção aos três anos de idade. Quando cresceu, nos anos 80, passou a admirar o break e entrou para as equipes Westside, de Whitmore Reans e Heath Town de Wolverhampton. Mais tarde, ele se juntou a uma equipe chamada Birmingham Bboys, além de começar a fazer seu nome como grafiteiro em West Midlands .
Mudou-se para os Estados Unidos por causa do graffiti, e também começou a vender grills em Nova York e em Miami, ficou na América por longos anos, voltando ao seu país de origem e continuando o negócio das peças colocadas nos dentes no Reino Unido - além de música, no ano de 1988.
(Foto: Getty Images)
Adquirindo, na América, um gosto pela cultura de rua e uma imersão no hip-hop, Goldie começa a despertar interesse em mudar seu estilo casual por conhecimento de uma marca de surfwear americana que acabara de expandir seus horizontes na Europa.
A marca em questão já havia uma certa notoriedade entre os membros da cultura de rua americana, ai então ela sai da Califórnia e aterrissa em forma de loja na Earlham Street, em Covent Garden na cidade de Londres, ostentando por ali o seu curto nome, Stüssy.
Começa aí, nesse ponto da história, um profundo apreço de Clifford pela marca de Shawn Stüssy. Para um dos artistas britânicos mais enraizado no streetstyle, se vestir de Stüssy é, até hoje, profundamente obrigatório e isso tinha que refletir em seu estilo pessoal.
(Foto: Getty Images)
Hugo Mendoza, nome por trás da Awake NY, afirmou certa vez que Goldie foi a peça chave na crescente popularidade da marca em meados dos anos 90 e que a sua influência, junto ao seu estilo, está profundamente presentes no DNA da Stüssy de hoje.
Goldie foi um dos primeiros a adotar a marca e o status crescente de Goldie no mundo da música acompanhou a proeminência da Stüssy, fato que fez com que surgira um amor incondicional.
(Foto: Getty Images)
São poucas as fotos onde ele aparece usando outra marca e até de Supreme ele já foi clicado. Mas raramente você encontrará uma imagem de Goldie sem portar, pelo menos, uma tee ou um boné da Stüssy.
Goldie já esteve em programas, filmes, docs, raves e até no tapete vermelho mostrando sua escolha e marca preferida, paixão que se tornou parte integrante da sua vida e da sua estética.
(Foto: Getty Images)
Stüssy e Goldie são, até hoje, uma espécie de relação amorosa. Difícil associar Goldie sem citar Björk e vice versa. Não é de se imaginar relembrar os primórdios do drum'n'bass sem falar sobre Clifford Joseph Price. Mas sempre será mais complicado entender se um dia Goldie aparecer por aí sem estar trajado de Stüssy.O artista sempre deixou bem claro o seu amor pela marca e se declara o mais apaixonado por ela. Esse amor o levou a ser escolhido e ter seu nome como parte integrante do "hall da fama" da marca, o The International Stüssy Tribe.
(Foto: Início da Tribo sem Goldie / Getty Images)
Em vez de procurar por grandes nomes, que aumentassem a notoriedade da marca, a Stüssy tinha nomes que mostrariam a sua verdadeira influência e alguns deles são: o icônico Hiroshi Fujiwara, o skatista Jules Gayton, Alex Turnbull, 'Barnzley' Armitage, o fotográfo James Lebon, Mick Jones do The Clash, o fundador da Slam Jam Luca Benin, o produtor e A&R Dante Ross, que trabalhou na Tommy Boy Records e Def Jam e, entre eles, Goldie.
(Foto: Getty Images)
Embora tenham criado um estilo que mais tarde se transformou em peça chave do streetwear, os membros da The International Stüssy Tribe desenvolveram uma rede de relacionamentos que trinta anos depois continua a dominar a moda.
Hoje Goldie, com 58 anos e vivendo na Tailândia, ainda é um apaixonado e admirador incansável da marca californiana. Atrelada a detalhes dessa história, a marca celebra sua mais recente cápsula exclusiva e comemora o 30º aniversário da Metalheadz com o lançamento de uma collab que revive o “Velho Testamento” de Goldie.