A integração entre tokens não fungíveis, os NFTs, e o metaverso fez crescer a popularidade da propriedade digital. A segurança em blockchain transportou o sentimento de posse para o mundo não real, motivando consumidores a adquirir produtos com finalidade de uso virtual, especialmente artigos de vestuário. Esse novo modelo de negócio já atraiu marcas como Nike, Adidas, Zara, Dolce & Gabbana e Gucci.
O mundo virtual, contudo, não se limita aos avatares, criados para replicar o ambiente real. Os NFTs também impulsionaram a indústria da moda digital, onde as peças imaginárias são usadas por pessoas reais, em ambientes de realidade aumentada, como, por exemplo, as chamadas de vídeo.
Em entrevista, Megan Kaspar, empresária por trás da Red DAO, organização autônoma descentralizada especializada em vestuário digital, conta que a indústria da moda é avaliada em U$ 2,7 trilhões no mundo, com esse valor de mercado podendo dobrar nas próximas duas décadas, impulsionado pelo mundo virtual.
Utilizando brincos dourados digitais durante sua entrevista, ela explica que as peças dão nova utilidade aos produtos ao mesmo tempo em que colaboram para a sustentabilidade do planeta, uma vez que não precisam ser replicadas no mundo real, graças aos NFTs.
(Foto: NFT Hours)
Daria Shapovalova, cofundadora da DressX, marketplace de artigos digitais, criada em agosto de 2020. Ela conta, em entrevista por e-mail, que “ninguém sabia o que era arte digital” quando a DressX foi lançada. Porém, o cenário mudou rapidamente com a popularidade dos NFTs. Atualmente, mais de 170 artistas digitais têm trabalhos à venda e o interesse de grandes empresas é crescente, diz.
O objetivo da empresa é vestir digitalmente um bilhão de pessoas, e os tokens não fungíveis estão nos planos para cumprir essa ambiciosa meta, fala Natalia Modenova, também cofundadora da DressX. Além do uso em realidade aumentada, como o exemplo das chamadas de vídeo, o marketplace se dedicará ao metaverso.
Daria e Natalia acrescentam que faz parte dos planos da empresa integrar os ganhos dos jogos baseados em NFT. Ou seja, será possível vestir, no metaverso e em ambientes de realidade aumentada, o que for conquistado nos jogos conhecidos como play to earn, ou jogue para ganhar.
Previsão da gigante do ramo financeiro Morgan Stanley, citada por Natalia Modenova, diz que apenas os produtos virtuais de luxo somarão U$ 57 bilhões até 2030, ressaltando que as versões virtuais de artigos darão mais lucro a seus criadores.
Daria Shapovalova explica que a primeira revolução no mercado da moda feita nos últimos anos ocorreu pelo meio digital, que deu “maior poder aos criadores sobre os produtos por eles criados”. Uma outra camada de poder foi acrescentada com a popularização dos NFTs, que levaram mais igualdade social para este mercado. “Com esses tokens, pouco importa a condição financeira ou social de um profissional da moda, que tende a ser um ramo elitista”, diz.
Assim como os ilustradores ganharam mais independência com a possibilidade de venderem suas obras via NFTs, Daria e Natalia avaliam que o mesmo acontecerá com os que atuam no mercado de vestuário e afins. “Todas as marcas terão uma linha de produtos digitais. O custo será menor, atraindo mais consumidores e aumentando a demanda”, segundo Natalia.
“Novos modelos de monetização são desenvolvidos, por meio dos NFTs, para profissionais como estilistas, criadores de artes em 3D, designers, modelos e outros”, completa Daria.