Depois de IBM, Microsoft e Amazon suspendem reconhecimento facial para uso policial

Depois de IBM, Microsoft e Amazon suspendem reconhecimento facial para uso policial

Amazon e Microsoft informaram que suspenderão a venda de soluções de reconhecimento facial para o uso policial. Em seus anúncios, as empresas sugerem que é preciso existir uma regulamentação em torno da tecnologia nos Estados Unidos para evitar que suas ferramentas contribuam com abusos policiais e violações de direitos humanos.

As duas gigantes da tecnologia seguiram o exemplo da IBM, que no último dia 09 de Junho também suspendeu a oferta, pesquisa e desenvolvimento de sistemas de reconhecimento facial, alegando que a tecnologia é criticada por facilitar a vigilância em massa, perfilamento racial e violação de direitos humanos.

A decisão mais recente é da Microsoft, que informou na última quinta-feira (11) ao Washington Post que não oferecerá a solução para órgãos de segurança. "Não venderemos tecnologia de reconhecimento facial para departamentos de polícia dos EUA até que tenhamos uma lei nacional em vigor", afirmou o presidente da Microsoft, Brad Smith.

"O principal ponto para nós é proteger os direitos humanos das pessoas conforme essa tecnologia é implementada", continou. O executivo destacou que, até o momento, a Microsoft não vendeu a sua solução de reconhecimento facial para nenhuma autoridade.

(Foto Getty Images)

A Amazon, por sua vez, suspenderá por um ano o uso policial de sua ferramenta de reconhecimento facial. A Rekognition, como é chamada, serve para realizar análises faciais em fotos e vídeos. Segundo a empresa, ela é capaz de "detectar, analisar e comparar rostos" em várias situações, como "verificação de usuários, contagem de pessoas e segurança pública".

Em seu comunicado, a empresa destaca que o Rekognition ainda poderá ser usado por organizações que ajudam a resgatar vítimas de tráfico de pessoas e a encontrar crianças desaparecidas. Para as demais finalidades, a empresa espera uma regulação mais definitiva do Congresso dos EUA para aprimorar a ferramenta.

"Defendemos que os governos implementem regulamentações mais rígidas para conduzir o uso ético do reconhecimento facial na tecnologia e, nos últimos dias, o Congresso parece pronto para enfrentar esse desafio", diz a nota divulgada na quarta-feira (10). "Esperamos que essa moratória de um ano dê tempo ao Congresso para implementar regras apropriadas e estamos prontos para ajudar se solicitados".

A decisão de interromper o uso policial de ferramentas de reconhecimento facial acontece após críticas de movimentos civis sobre o viés racial dessa tecnologia. A pauta voltou à tona com as mais recentes manifestações do movimento Black Lives Matter, nos Estados Unidos desde o assassinato de George Floyd.