Com uma tecnologia desenvolvida no Brasil, pesquisadores da indústria química Rhodia conseguiram produzir um fio com ação antiviral e antibacteriana, que pode ser utilizado para a produção de tecidos empregados em diferentes produtos, como roupas e máscaras.
E graças a uma parceria entre as empresas Grupo Chroma e Líquido Indústria Têxtil, a tecnologia será aplicada na indústria automotiva, se estendendo para os diferentes setores da mobilidade, como no transporte público.
Os pesquisadores brasileiros conseguiram criar um fio de poliamida, que é uma fibra sintética utilizada em produtos como o naylon, cuja estrutura química possui um agente capaz de neutralizar a ação de bactérias e vírus.
Com o nome de Amni Virus-Bac Off, a tecnologia foi certificada por laboratórios independentes, que observaram a eficácia contra diferentes microrganismos. Apesar de possuir uma estrutura diferente das bactérias, os vírus de grupos como influenza, coronavírus e herpesvírus também conseguem ser inutilizados ao entrar em contato com o composto químico presente no fio.
(Foto Rhodia)
Segundo Luís Gustavo de Crescenzo, os artigos fabricados com o fio de poliamida Amni Virus-Bac Off podem ser utilizados em bancos de carros, ônibus, caminhões, aviões e outros meios de transporte, e também na confecção de máscaras, roupas e protetores, usados em concessionárias, oficinas, fábricas, entre outras aplicações.
"O tecido produzido com o novo fio é o único indicado para uso profissional, por causa do efeito permanente da ação antiviral e antibacteriana, resistindo a atritos, higienizações e lavagens constantes, como exige os assentos do transporte público, o vestuário e o enxoval hospitalares e os uniformes das fábricas, por exemplo. Além de evitar a proliferação de bactérias e a transmissão de vírus por superfícies têxteis, possuem toque macio, conforto térmico, respirabilidade, facilidade de manutenção e secagem rápida", afirma o CEO.
O fio desenvolvido pela Rhodia não perde as suas propriedades ao longo do tempo e pode passar por ciclos de lavagem. A fabricante química já começou a exportar a tecnologia para diferentes mercados, como Estados Unidos, Europa e Ásia.
A Chroma-Líquido pretende produzir 2 mil toneladas de tecido a partir do fio especial nos próximos 12 meses. Há a expectativa de geração de 500 novos empregos para a produção do material.
De acordo com os porta-vozes de ambas as empresas, já há conversas adiantadas com quatro montadoras para uma possível aplicação do tecido nos veículos.
"Quando fechado com alguma montadora, o processo deve ser o seguinte: primeiro testam os produtos como acessórios para o público. Posteriormente, se houver boa adesão, são iniciados estudos com a área de engenharia para aplicação na linha de produção", afirma um dos porta-vozes.
"Como a pandemia impõe urgência, é possível dizer que os prazos para o cumprimento dessas etapas foram bastante encurtados", confirma o outro.
Além disso, capas protetoras para bancos de veículos estarão em produção para serem disponibilizadas em concessionárias nos próximos meses.
Em informe à imprensa, a Rhodia destaca que esta tecnologia é uma barreira adicional no combate à contaminação cruzada de vírus e bactérias. O uso de peças com a poliamida Amni Virus-Bac Off não elimina a necessidade de cuidados de higienização frequente, segundo as instruções de segurança da OMS (Organização Mundial da Saúde) perante o cenário de pandemia do novo coronavírus.